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Reserva Santa Rosa | T.G.

Nossas reflexões sobre o arquétipo do Jardim do Éden são os principais norteadores da criação desta original residência.
Nossas reflexões sobre o arquétipo do Jardim do Éden são os principais norteadores da criação desta original residência.

Nós, na Téses Arquitetura, temos refletido bastante sobre o paradigma ou o arquétipo de Jardim do Éden quando nos deparamos com o projeto de uma nova residência. E, diante de um casal que, num sentido muito mais literal, tem grande apreço pelos jardins, foi inevitável construirmos o conceito desta casa num lote de 1.200m² do Condomínio Reserva Santa Rosa, Itatiba-SP, tendo como idéia principal tal arquétipo. Muitos textos, pinturas e iluminuras se dedicaram a refletir e a representar aquilo que acabou se tornando um tema pictórico bastante recorrente na Idade Média e até mesmo no Renascimento. Na iluminura a seguir vemos uma muralha representando os limites entre o espaço idílico e o mundo fora dele, e vemos também, no centro do jardim que o muro encerra, uma fonte contendo água e dominando o espaço no qual algumas pessoas se reúnem.

O arquétipo do Jardim do Éden está presente nesta iluminura. A muralha vista na porção inferior da imagem define o espaço intramuros que representa o Paraíso na forma de um jardim. Este no seu centro possui uma fonte d’água em torno da qual as pessoas se reúnem e se distraem.

O pórtico, que representa a entrada para o Paraíso na mencionada iluminura, neste projeto é semanticamente assumido pela grande abertura que atravessa o volume frontal principal da casa e chega até o seu pátio central. Essa abertura é sublinhada pelas formas da sacada que se projeta em balanço em direção à rua. De dentro da casa, ou do seu espaço idílico, através dessa abertura se pode avistar o mundo fora dela.  Mas, somente dentro dela é que se tem a idéia de se estar no Jardim do Éden, no Paraíso.

a grande abertura frontal representa o limite entre o espaço de dentro e o espaço e de fora do Jardim do Éden
a sacada que se projeta em direção à rua e a forma original da casa

Apropriando-se do aclive do terreno, a casa organiza-se praticamente num único platô e por meio de um loggiato. As loggias e os loggiatos são espaços que possuem um papel de destaque em importantes edificações da história da Arquitetura Ocidental como, por exemplo, na Biblioteca Marciana, em Veneza, e na Galeria degli Uffizi, em Florença. Nesta casa o loggiato começa no átrio da escada e do elevador e termina num oratório, sendo ambos os espaços dos seus extremos iluminados de forma zenital. Já ao longo do loggiato a iluminação se dá por meio de aberturas com portas de correr as quais são intercaladas por colunas e também intercaladas pelos espaços que o loggiato comunica em sua extensão.

Na extremidade do loggiato que contêm o átrio da escada e do elevador encontram-se também os espaços fechados de convívio, tais como as salas e a área gourmet. Seguindo ao longo dele em direção à sua outra extremidade, um primeiro volume abriga um escritório, um segundo uma área de serviço, enquanto em paralelo a esses dois volumes e na outra lateral do loggiato acontece o pátio central com a piscina. Por fim, seguindo até a extremidade que contém o oratório, tem-se os volumes que abrigam as suítes. Todos os espaços, sejam os de trabalho, sejam os de convívio, ou sejam os de descanso, acontecem em meio a um grande jardim que o já mencionado platô suporta, e possuem suas aberturas tirando proveito das vistas que as áreas ajardinadas possibilitam.

no decorrer do loggiato um primeiro volume abriga o escritório e um segundo a área de serviço
o amplo pátio central além de conter a piscina também contém uma área para a fogueira
o pátio central apresenta-se como uma extensão do jardim no centro da casa
a cor branca associada às superfícies anguladas da casa foram pensadas para enfatizarem o diálogo com a luz do sol

As formas anguladas que marcam este projeto foram pensadas, predominantemente, na cor branca. Toda a criação dessas formas e das suas superfícies foi feita para dialogar com a luz do sol. Ao longo dos dias e das estações do ano a casa vai se transformando significativamente e assim marcando nas suas paredes o tempo. Os dois volumes que se destacam verticalmente ao longo do loggiato, o que contém o escritório e o que contém a área de serviço, ainda receberam jardins nas suas coberturas. Esses jardins pontuais foram pensados para aparecerem de forma bastante expressiva através do desenho criado nas aberturas de suas coberturas. Eles podem ser admirados tanto de dentro do pátio quanto da lateral direita da casa.

sobre o volume da área de serviço e do escritório foram criados jardins suspensos

Além do loggiato, outro exemplo de como vamos estabelecendo nas nossas criações diálogos com a Tradição da Arquitetura Ocidental e com os discursos poéticos que aparecem nos edifícios a elas ligados, está na escada da entrada desta casa. Ela vence o aclive do terreno construindo uma perspectiva até a porta de entrada e criando formas com o jardim que remetem à escada da Piazza di Spagna, em Roma.

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