por Marco Aurélio Careta
No formato de uma praça aberta voltada à reflexão e contemplação, esta criação/manifesto arquitetônico foi realizada como Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, no ano de 2002, por Marco Aurélio Careta. Pensada para ser implantada numa área então desocupada e próxima à subprefeitura de Sousas, distrito de Campinas, no encontro do Ribeirão das Capivaras com o Rio Atibaia, a mesma resultou em 8.593,55m² projetados.

Um cenotáfio é um monumento funerário que não contém os restos mortais daquele ao qual o mesmo é erigido. Ele difere-se de um mausoléu, que é a edificação que contém os restos de um determinado alguém ou de uma determinada família. Difere-se ainda de um panteão, que é um monumento fúnebre erigido ou dedicado para abrigar os corpos dos grandes heróis de uma pátria, ou, tal qual se viu na antiguidade clássica, o edifício dedicado ao culto de diversos deuses. Alguns cenotáfios foram criados ao longo da história, dentre eles pode-se destacar o Cenotáfio de Newton, projeto do importante arquiteto francês Étienne-Louis Boullée.

O Cenotáfio de Newton é um projeto conceitual elaborado pelo arquiteto francês Étienne-Louis Boullée em 1784 para discursar sobre Newton e a modernidade.
O Cenotáfio do Homem Moderno questiona os limites da modernidade, se manifesta sobre suas pretensões mais estruturadoras e, ao contrário do projeto de Boullée, as julga decrépitas. O Cenotáfio do Homem Moderno pretende indicar o fim da Era Moderna e apontar para a necessidade de se criar espaço para uma nova fase na História.
Com isso, o projeto propõe um percurso contemplativo ao longo de uma praça. Esse percurso tem seu início por entre as frestas de 7 cubos feitos de placas pré-fabricadas de concreto armado, sendo que de cada um desses cubos foram removidas uma de suas arestas e foi projetado um espelho d’água em seu interior. Na sequência, tem-se um trecho da praça aberto e no qual pode-se caminhar por placas pré-fabricadas de concreto. Seguindo-se mais adiante chega-se na parte da praça cujo piso é feito de saibro e que é fechada ou delimitada por dois imensos planos feitos de estrutura espacial metálica e revestidos por chapas de aço inox. Como se esses dois imensos planos formassem um cubo desconstruído e reflexivo, atravessando-se a única aresta dele que se dá por insinuação na fresta que tais planos criam, chega-se na parte final do percurso. Nela avista-se o encontro dos dois corpos d’água e pode-se mirar para o sentido do seu curso em meio à mata ali existente.
