por Giovana Feres Careta
O Trabalho Final de Graduação (TFG) da arquiteta Giovana Feres Careta, intitulado “Abrigo Efêmero Portátil de Caráter Emergencial”, foi premiado na 23ª edição do concurso nacional de trabalhos finais de graduação, o Ópera Prima, no ano de 2011 (confira na sequência as pranchas enviadas ao concurso). A partir de um então recente desastre ocorrido na cidade de São Luiz do Paraitinga, no qual em janeiro de 2010 aconteceu a maior enchente de sua história, resultando em 80 imóveis tombados arruinados e em 4 mil desabrigados de um total de 11 mil habitantes, desenvolveu-se o projeto de um modelo idealizado de abrigo emergencial para ser utilizado tanto nessa situação específica quanto em qualquer outra que suscitasse tal necessidade imediata.




Ainda repercutia o impacto da tragédia em São Luiz do Paraitinga e de outras cidades que naquele mesmo momento sofreram com as intensas chuvas, quando houve a repercussão da mencionada premiação ao TFG, acarretando então em certo destaque na mídia para o projeto desenvolvido. Você pode conferir tal repercussão no Jornal da Unicamp, na Revista Projeto e no site O Globo. Também, a Agência de Inovação da Unicamp concedeu a Patente de Invenção (PI1104012-2. Patente Unicamp, Depósito: 31/08/2011, Concessão: 24/12/2019, INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, BRASIL) para este projeto, sob o nome “Kit tipo cápsula para montagem de abrigo, processo de montagem de abrigo e abrigo portátil emergencial assim obtido”, em dezembro de 2019.
O trabalho se iniciou em uma pesquisa acerca das estatísticas sobre como fenômenos naturais e sociais que levavam a consequências catastróficas em todo o mundo, resultavam também em muitas pessoas afetadas e desabrigadas. A pesquisa, ainda, salientava a tendência para o aumento desses números num futuro próximo, reforçando a necessidade de se olhar à temática com atenção. O Brasil, não alheio a esse cenário, também demonstrava essa projeção estatística relativa aos eventos naturais e sociais que aumentariam a possibilidade de novas ocorrências de desastres.
No caso brasileiro, a situação complicava-se ainda mais quando o mapeamento das áreas de risco e a elaboração de planos preventivos municipais eram insuficientes em todo o país, já que isso implicava em uma reforma profunda da estrutura urbana, a qual estava e ainda está distante de ser concluída.

Diante do impasse da solução dessa problemática toda, permanece a questão de como alojar as pessoas desabrigadas enquanto o cenário urbano é reconstituído após um desastre. De forma geral, são acomodadas em acampamentos emergenciais, em sua maioria comunitários e amparados pela Defesa Civil, alocados em galpões, ginásios e escolas, sem o mínimo essencial à privacidade e dignidade. Agravante de tal situação é o fato de que cerca de metade (50%) desses acampamentos acabam por durar mais de 5 anos e 25% deles mais que 2 anos.

Foi pensando então nesse contexto de resposta emergencial que se desenvolveu o projeto de um abrigo mínimo para 1 família de 4 pessoas, desmontável, fornecido através de kits, passível de montagem pelos próprios usuários. Cada módulo simples conta com 4 camas, tipo leitos dobráveis de trens, 1 bancada para refeições, 1 bancada para cozinha, e 1 banheiro químico, com a utilização de materiais reciclados em composição com outros materiais. Possui, ainda, painéis solares integrados, podendo ser conectado também à energia disponível no local. Além disso, previram-se diretrizes para a implantação de várias unidades conjuntas e outras unidades de auxílio complementar, a fim de possibilitar a manutenção da ordem e vivência digna das famílias ali inseridas.
