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Um discurso poético de Manoel da Costa Ataíde

Este texto apresenta a dissertação de mestrado que perscrutou um discurso poético de Manoel da Costa Ataíde.
Este texto apresenta a dissertação de mestrado que perscrutou um discurso poético de Manoel da Costa Ataíde.

por Marco Aurélio Careta

Apresentada e defendida no programa de pós-graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), no ano de 2013, por Marco Aurélio Careta, a dissertação de metrado intitulada “O Paraíso aos Mineiros: proposições acerca de um discurso poético de Manoel da Costa Ataíde”, perscrutou aquela que é considerada a obra prima do grande pintor do período colonial brasileiro, no forro da nave da igreja tida como um dos principais monumentos da arquitetura nacional, a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto.

Frontispício da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto

A dissertação teve por objetivo perscrutar o discurso poético de Manoel da Costa Ataíde presente na sua pintura em perspectiva realizada no forro da nave da referida igreja no provável período compreendido pelos anos de 1801 e 1812. Considerando os questionamentos de ordem epistemológica acerca da investigação crítica de uma obra de arte apresentados pelos Estudos Visuais, a referida obra foi focada como portadora de um discurso de natureza poética realizado por um artista através de uma pintura.

Sabemos muito pouco a respeito dessas origens misteriosas, mas, se quisermos compreender a história da arte, será conveniente recordar, vez por outra, que imagens e letras são na verdade parentes consanguíneos.

Ernest Gombrich

Na abordagem da obra e do discurso por ela portado, foi considerada a essencial relação entre arquitetura e pintura inerente ao que de modo geral é chamado de pintura em perspectiva. Também foram considerados dados relativos ao autor da mesma, cuja naturalidade é de Mariana, Minas Gerais, e dados relativos ao contexto no qual a obra se deu. Quanto ao contexto, este foi interpretado a partir daquilo que possuía de imediato e de particular em relação aos contextos com os quais teve importantes relações, sendo que, foi chamado de mineiro tanto se diferenciando quanto se aproximando dos demais contextos do Brasil colonial, contemporâneos ou anteriores a ele, assim como se diferenciando e se aproximando de determinados contextos europeus devidamente destacados e justificados, dentre eles principalmente o português, o italiano e o francês. Dentre os contextos coloniais brasileiros foi importante distinguir o contexto que também se deu em Minas Gerais, principalmente do começo do século XVIII até a Inconfidência Mineira, do contexto no qual a própria obra se deu, o qual data do início do século XIX.

a pintura vista a partir da entrada da igreja
a pintura vista a partir da capela-mor
porção central da pintura

Foram aproximadas a essa obra de Ataíde inúmeras outras obras de diversos artistas, mas, preferencialmente, além das demais obras do próprio artista marianense em questão, foram aproximadas obras de artistas realizadas em contextos que possuíram alguma relação com o contexto mineiro e, sempre que possível, obras que puderam ser conhecidas pessoalmente pelo autor deste trabalho. Para tanto, foram realizadas algumas viagens para possibilitar o contato pessoal com obras, por vezes bastante específicas e que são encontradas em diferentes locais do sul do continente europeu.

Como resultado deste trabalho foram elaboradas proposições acerca do discurso poético perscrutado, as quais, invariavelmente, revelaram uma grande sinceridade presente em tal discurso e que, ao mesmo tempo, confirmaram a potência genuína das diversas manifestações artísticas que, como um todo, ocorreram em Minas Gerais entre meados do século XVIII e início do século XIX, potência esta na qual a contribuição de Manoel da Costa Ataíde é inestimável.

a original representação de Maria e dos anjos musicais criada por Ataíde

Para acessar a dissertação na sua íntegra basta clicar aqui e acessar o biblioteca virtual da UNICAMP. Confira também a reportagem publicada no Jornal da UNICAMP sobre a referida dissertação de mestrado clicando aqui.

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