Escolha uma Página

Genealogia da pintura mineira em perspectiva

Este texto apresenta a monografia de especialização que investigou determinados aspectos da relação entre a arquitetura e a pintura em perspectiva em Minas.
Este texto apresenta a monografia de especialização que investigou determinados aspectos da relação entre a arquitetura e a pintura em perspectiva em Minas.

por Marco Aurélio Careta

A monografia apresentada ao Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) para a obtenção do título de especialista em Artes Visuais, Intermeios e Educação no ano de 2010, por Marco Aurélio Careta, foi intitulada “Ensaio sobre a genealogia da pintura mineira em perspectiva e sobre alguns dos tipos espaciais mais disseminados durante o período do Rococó Religioso “.

Tal ensaio teve por objetivo expor as diferentes concepções de relação entre pintura em perspectiva e arquitetura desenvolvidas nos forros mineiros da região de Mariana e Ouro Preto, bem como nos forros das regiões àquela diretamente relacionada, todas relativas ao período denominado Rococó Religioso. Ao inventariar as mais prováveis origens dessas pinturas em perspectiva, alinhando o original e seu correlato, foi criado um plano de consistência capaz de referenciar as análises empreendidas acerca das tipologias espaciais criadas pela relação entre pintura e arquitetura. Como principais referências a essas pinturas mineiras, foram destacadas a pintura de Andrea Pozzo, no teto da nave da Igreja de Santo Inácio, em Roma, e a pintura, cuja autoria não é comprovada, no teto da nave da Igreja de São Paulo, em Lisboa.

pintura no teto da Nave da Igreja de Santo Inácio em Roma, de Andrea Pozzo, (1691-1694)

O percurso cronológico feito pelo ensaio permitiu salientar as singularidades presentes nesses exemplos mineiros, os quais foram divididos em dois grandes grupos, cada um com uma respectiva concepção pictórico-arquitetônica, sendo um aquele que reuniu as obras que denotam arquiteturas vazadas e o outro, as que apresentam muros-parapeitados. As concepções do tipo muro-parapeito possuem uma menor complexidade na sua arquitetura pictórica quando postas lado a lado com as chamadas de arquitetura vazada. Estas últimas, cujo maior exemplo é a pintura no forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto, feita por Manoel da Costa Ataíde, são tão expressivas quanto absolutamente originais. Elas de fato tanto se distanciam dos seus correlatos anteriores feitos na Europa e até mesmo no próprio solo mineiro, quanto adquirem absoluta autonomia na sua concepção pictórico-arquitetônica.

pintura no forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, detalhe da concepção do tipo arquitetura vazada
a pintura de Ataíde expande o espaço arquitetônico muito além dos limites do forro da igreja

O ensaio demonstrou que estas concepções foram exploradas, em relação ao espaço propriamente arquitetônico que os templos nos quais se inseriam lhes ofereciam, das mais diversas formas, criando espaços resultantes das interações dessas obras com significações bastante distintas. Intentou-se ainda com tal ensaio que as amostras resultantes dele pudessem ser úteis a possíveis pesquisas iconológicas acerca destas tão singulares pinturas em perspectiva ainda sobreviventes em Minas Gerais. E um dos exemplos da utilidade do referido ensaio está no verbete da Wikipédia sobre o Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, o importante conjunto arquitetônico e paisagístico situado no município de Congonhas, Minas Gerais. No verbete, o ensaio é utilizado para melhor explicar e apresentar a pintura no forro da capela mor, feita por Bernardo Pires da Silva, e a pintura no forro da nave, feita por João Nepomuceno Correia e Castro.

error: Conteúdo está protegido!